{Ficamos súbito demasiado próximos de alguma coisa que nos mantém a uma distância misteriosamente favorável e mensurada. Desde então é a tortura. A cabeça perde seu apoio.
É insuportável sentir-se parte solidária e impotente de uma beleza agonizante por causa de outro. Solidária no peito e impotente no movimento de seu espírito.
Se o que te mostro e o que te dou, te parece menor do que aquilo que te escondo, minha balança é pobre, meus grãos sem virtude.
És sacrário de obscuridade em minha face escancarada, poema. Meu esplendor e minha dor se insinuaram entre os dois.
Derrubar a existência, feiamente acumulada, e reaver o olhar que no começo a amou bastante, para expor seu fundamento. O que me resta a viver, está neste assalto, neste arrepio}.
rene char
# 2.6.04
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